sempre jovem

Muita gente fala que sua vida dá um livro. Como se isso fosse muita coisa. O que é um livro? Um Gabinete de Leitura tem uma porção deles, uma Biblioteca Municipal ainda mais, e juntando todos não temos mais que uma ínfima partícula fracionária do Conhecimento Humano.

 

Ora, o primeiro livro foram as Tábuas da Lei, trazidas por Moscheh, escrito diretamente pelo dedo de El Schadai para os homens!!! E daí, ninguém deu atenção, entretidos que estavam em suas diabruras, e o Profeta quebrou a primeira edição das Duas Tábuas. Foi preciso uma Segunda edição para que os corações dos homens atentassem para as palavras de Adonai Meleche.

 

O que se conclui? O primeiro livro do mundo teve um só e único leitor. E hoje? Livros e mais livros atopetam as prateleiras das bibliotecas, entulham-nas com informações, mentiras e verdades, nas livrarias, jornaleiros, supermercados, todos esperando por um leitor. Quem lê? E dos que leem, quem entende algo do que lê?

 

O que se deve é levar conosco aquilo que podemos, não olhar pra trás. No final de tudo, podemos acabar nos transformando em um povo de estátuas de sal. Eu não vou virar estátua, tenho que seguir em frente. Paulo Freire diz que a gente tem que ensinar as crianças ministrando-lhes de acordo com o mundo que trazem já consigo. Isso é um modo de ensinar, pode ser o modo do livro, pode ser o livro no modo certo. Mas então, venho ao leitor na linguagem dele, e trago-o para a minha linguagem. Quando for mais crescido, aprenderá ele a adentrar em novas linguagens, ainda que estas sejam mais distintas ou menos que a dele.

 

Serei sempre jovem? Piaget diz que o ímpeto revolucionário é o que caracteriza a juventude. Quero morrer jovem, depois de muitos anos de vida, eterna e imaturamente jovem, viver jovem pela vida toda, imitando apenas a mim mesmo, correndo riscos, tendo ídolos vivos e saudáveis, de carne e ossos, buscando caminhos, e principalmente sendo sempre revolucionário, tentando mudanças, tentando melhorar o mundo, acreditando.

 

Caetano Veloso canta “por que não?, por que não?”, e eu pergunto: por que não? Luiz Carlos Maciel tem razão quando escreve das formas alternativas de cultura no Pasquim. Fernando Gabeira um dia ainda vai perguntar “O que é isso?”, e vou querer responder “Isso, companheiro, é o que vai pelo mundo.” Se eu sobreviver até lá.

 

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