FEBRE
ondas que vêm e vão
nunca somem
epifania
falar
e se sentir ouvido
opção de crer
e do que espera
ter
macular
os privilégios
e desprezar o anjo anunciador
recuperar orelhas que se abrem
olhos que brilham
narizes ávidos pela vida
o hímen reconstruído é o liame que se revê
vir e virago amam
e percebem a ligação que não se quebra
porque nunca existiu de fato
mas se apresenta de direito
A febre chega de mansinho e bate fundo
Que não seja o hábito
nem o simples abandono de si mesmo
Seja o querer o devotar-se
no encontro do caminho que não tem
mandares inexplicáveis
Chega de mansinho e bate fundo
O ar é inspirado pela boca
e ao sair pelo nariz é retomado
O vício se impõe como gerador.
Mas a geratriz clama pelo que gerou
e reconduz a inspiração pelas vias nasais
Chega fundo e bate mansinho
Bate mansinho
O banzo se instala
Geratriz e gerador se deixam ser reconhecidos
por seu filho
O manso é forte e contesta
O filho do vício
Vir e virago
Retorna
Ao lar
E estende sua dor perante o gerador e a geratriz
Suplica e socorre a um só tempo
Os que o desconhecem
E chora
Gera
Seus próprios filhos
Por acreditar abandona o antigo mar
de revoltos enxames pinaculares
Para se entregar a desfacções de impérios seculares
e de falsos devotos e avatares
As ondas que vão e vêm
Fortalecem o filho que gera filho
Estremecem os vícios catalisadores de dogmas
E trazem de volta as geratrizes e geradores
de suprema energia profilática
Não há hímens nem conceitos
nem definições ou exegeses
Senão os que se cria para o entendimento
Mas que sejam passagens
Pontes
Não portos
Nem espaços mortos
Avança, ser fraco e de mente débil,
Torna-te ágil, inteligente e espirituoso,
Porque o riso que esconde o pranto é temeroso.
Avança, ser franzino e de espírito senil,
Sustenta-te sobre as pernas renovadas e ri,
Porque o riso do santo é como o do louco:
Parece tanto e é tão pouco.
Estende tuas asas
E voa
Se o mercúrio subir mais
que o termômetro pode suportar
Dane-se o termômetro
E voe você
Ar
Luz de sol
Miríades de luminares brilhantes
Chegam de mansinho e batem fundo
Ressoam em nossas profundezas
Ecoam vozes esquecidas
Desatam nossos nós
E reaprendemos
A chorar
E rir
Deusas e Deuses,
geratrizes, geradores, gerados e geradas,
acalmam as minhas instabilidades!