Coração de amigo salmodiador

Eis que, certo dia, sabendo de um curso de História da Arte Brasileira, prontamente decidi me inscrever.

Muito gentilmente, minha terapeuta mudou um dos dias de nosso encontro bissemanal, justamente para que eu não perdesse a oportunidade de fazer esse valoroso curso.

Eu estava ansioso! Mesmo tendo sido informado apenas depois de já ter corrido a primeira aula, que seriam semanais, ainda assim curvei-me ao distinto mestre.

Busquei ao máximo a sua experiência, sabedoria e cultura pessoal.

Na verdade, o que todo professor costuma gostar é exatamente das aulas em que os alunos se interessam, perguntam, inquirem, discutem.

Aliás, são essas as chamadas aulas de sucesso, são esses os professores que se sentem mais motivados!

São esses os mais invejados...

Toda regra tem sua exceção.

Eis que o lente a ministrar a série de aulas não conhecia a didática que vem sendo ensinada aos corpos docentes desde, pelo menos, os anos sessenta do último século passado, i.e., o vinte, pelo que sei.

A esse improfícuo dedico este singelo poema a seguir...

Pobre coração ameaçado!

Expulso,

Tiraram seu chão e sua fala.

 

Destruído e acuado,

O páupere coração amedrontado

Se defendeu com unhas, garras e dentes!

 

Afiou sua própria língua

No inimigo que lhe tentou cortar suas asas,

Pois, onde havia a porta,

O asno só viu presas.

 

Pobre coração,

Parado e interrompido em sua angústia,

Viu suas dúvidas e bem-querer

Serem tomadas como heresias.

 

Pobre coração,

Incompreendido,

Destruído por seu amor pela sabedoria,

Agora não pode voltar .

 

Nem quer se desculpar

Pelo que não fez.

 

O coração ferido

 Sabe de sua relevância

E prefere contar belas histórias

Para suas crianças.

O coração

Que ouve as vozes das musas,

Não tem intenção de destoar

De quem já há muito se sentiu

Desencontrado,

E que preferiu

O inculto encanto da mentira

Que o encontro brusco

E minucioso da verdade.

 

Valei-me, coração destoante,

Seja minha musa

Para as palavras tonitroantes!

 

Enquanto eu vivo for

Vou preferir as entranhas

Vomitadas pela minha musa

Que as falsas pérolas

De um sonâmbulo espectro do autoritarismo

Arcaico, machista e preconceituoso.

 

Amém.

 

PS: Quando gosto,

eu amo até as últimas consequências,

mas quando pisam no meu calo...

aiaiai, que vontade que me dá

de arrebentar os colarinhos

do ignorante ignóbil egolátrico!

~ o ~

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